25.8.07
O Hezbollah em sua versão lúdica...
Outro dia vendo um canal de notícias vi uma reportagem que falava sobre o lançamento de uma versão de um jogo por parte do movimento "político-religioso-fundamentalista" Hezbollah. Isso mesmo, um jogo, chamado "Special Forces 2". Trata-se de um jogo em primeira pessoa estilo "shooter", onde o jogador encarna a pele de um guerrilheiro do grupo e enfrenta tropas israelenses em cidades do Líbano, reeditando o cenário dos combates ocorridos um ano atrás.
Confesso que fiquei curioso com o jogo, não tanto pela polêmica causada (o ocidente evidenemente ficou chocado), mas principalmente pela linguagem usada. Não tive acesso ao jogo, não conheço seu enredo, mas o fato é que essa é mais uma prova de como os jogos eletrônicos fazem cada vez mais parte de nossa cultura, não apenas como fonte de diversão e lazer, mas como meio de difusão de valores.
Muita gente diz no entanto que a temática de certos jogos estimula a violência principalmente nos jovens, e isso me faz pensar. A sociedade ocidental costuma matar em seus jogos uma série de nacionalidades "ameaçadoras", e isso em algum momento foi motivo de preocupação? Certamente o Hezbollah usa o jogo como meio de afirmação de suas ações, mas até que ponto um jogo pode "inspirar" e convencer pessoas? Para nós designers, que trabalhamos com conceito em diferentes meios, incluindo os jogos eletrônicos, qual deve ser nossa postura? E mais. Será que podemos hoje em dia responder isso de maneira mais definitiva?
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4 comentários:
Sem o poder de me posicionar quanto a uma reposta, aprecio seu post. A pergunta é mais que pertinente.
Boa colocação.
Receio que qualquer resposta não dará conta da amplitude de aspectos que envolvem as práticas culturais e os processos de significação e subjetividade. Por isso mesmo acredito que é impossível para nós designers (e demais agentes culturais) exercer o controle sobre a circulação de bens simbólicos na nossa e em outras sociedades.
Muitas coisas que criamos adquirem outros usos e significados, diferentes daquilo que havíamos previsto. Acho que o que necessitamos e revisitar nosso trabalho com olhar crítico e observar a recepção de nossos produtos para incorporar tais pontos de vista em projetos futuros.
Esta questão me lembra outras como... "Como deve ser a postura do designer diante da tarefa de fazer um comercial de cigarro?"
Eu não posso afirmar a verdade mas... acho que eu, se precisasse daquele trabalho para sustento, tentaria até mudar os conceitos, mas teria de fazer o que mandassem.
Se não precisasse então simplesmente não pegava ou me demitia!!
Acho que só não temos jogos nazistas porque eles não eram bons programadores. Que bom que existirá sempre o outro lado da moeda ideológica. Isso gera reflexão. Mesmo que por vezes ao contrário como em qualquer espelho. :)
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