31.1.10

Instrumentos de marketing e de medição

\ Sei que é apelação, e que não é exatamente um problema de Design, mas de bom-senso, em primeiro lugar. Mas no apagar das luzes de janeiro, eis que um comentário solto no twitter do Dahmer (autor da tirinha em quadrinhos Malvados) me chamou a atenção para a imagem abaixo.

 
Fotografia de Léo Torres.

O registro foi realizado pelo jornalista Léo Torres após um singelo passeio com o cartunista até a sorveteria. Não ficou claro qual seria o método empregado na medição da bola do cliente e a sorveteria em questão preferiu não se pronunciar, mas desconfiamos que o atendente sorridente no canto da imagem esteja envolvido na prestação gratuita do serviço.

Fica aqui registrado o medo que tenho das grandes sacadas dos marketeiros e publicitários de plantão, especialmente quando o assunto é "promoção". Teoricamente, não seria difícil para um redator se fazer a simples pergunta: "essa frase pode ter uma conotação ambígua? (subentende-se ambígua = duplo sentido!)". Mas o início da 29ª edição da liquidação do lápis vermelho só vem a provar que o problema é duro de resolver.
Clique na imagem para poder apreciar melhor.

Quando achávamos que já havíamos tratado de tudo nesse blog, eis que enfim entraram até as bolas!

20.1.10

Vamos dar as mãos pelo Haiti...

\ Terrível o desastre que se abateu sobre o o Haiti no último dia 12 de janeiro. Para aqueles que estavam fora do planeta ou perdidos em alguma selva equatoriana e não acompanharam as notícias na última semana, o Haiti – talvez um dos países mais miseráveis fora do continente africano – foi vítima de um terremoto que arrasou com a capital Porto Príncipe e causou centenas de milhares de mortes, além de uma soma igualmente alta de feridos.

Terrível também é o despreparo que a imprensa (trato, em especial, da brasileira) tem demonstrado na cobertura da tragédia e dos esforços no tratamento dos feridos e na busca por sobreviventes. Na virada dos anos 10 (2010), a sensação que se tem é a que jornalistas se tornaram gerenciadores de e-mail: simplesmente pegam a notícia já pronta de outro lugar (normalmente um veículo de imprensa estrangeiro) e encaminham em sua própria mídia. Basta esperar que uma boa alma faça o trabalho investigativo ou juntar pílulas desconexas de informação catadas no Google e publicar do seu jeito. E o telefone sem fio vai seguindo...

Mas desconfio que a falta de pesquisa e de investimento em originalidade e conceito não se resume apenas aos jornalistas, mas a toda a cadeia editorial de uma forma geral. Ontem, ao passar por uma banca de revistas, me deparei com uma situação curiosa, que hoje descobri já ter se tornado burburinho na lista Design Gráfico e em blogs pela internet. O amigo jornaleiro dispôs lado a lado as revistas semanais Época e Veja, incentivando a confusão entre seus clientes. Observe abaixo:


Ambas as revistas, lançadas no último final de semana, utilizaram a mesma fotografia (obviamente comprada de agências de notícias internacionais) e publicaram praticamente a mesma capa! Santa originalidade, Bátima!

Não entro aqui nem no mérito do gosto duvidoso da imagem chocante da mão de uma vítima pendendo entre ferragens e destroços. Mas segundo publicou o Portal Imprensa na última segunda-feira (18), a mesma fotografia já havia sido utilizada em matéria do periódico canadense Le Journal de Montreal no último dia 14 e no londrino The Times, ilustrando a matéria de capa. Vale à pena ler a notinha completa no Portal Imprensa (OK, também estou reblogando techos de notícias de vários lugares aqui, mas eu não sou jornalista...).

Mais uma curiosidade: no dia 15 de janeiro, o blog Faz Caber – mantido pela equipe de direção de arte revista Época – seguiu seu ritual semanal e publicou as opções de layout de capa para a última edição, com o seguinte texto:



sex, 15/01/10
por Equipe Faz Caber |
Tema: terremoto no Haiti
Pra fazer uma capa de uma cobertura jornalística de uma tragédia grande como a que ocorreu no Haiti, é necessário mergulhar com profundidade nas pesquisas de imagens. Ficar ligado 24hs na internet, TV e jornais. O olhar tem que estar treinado para cortar, ver detalhes e imaginar como aquela foto pode encaixar na capa. Das opções que estão aqui, umas são emocionantes e outras mais chocantes. Vou colocar em ordem de criação. Conforme foram surgindo imagens novas, capas novas foram criadas.

\ Bonito, não? Mas a postagem acima passou a soar extremamente irônica quando a Veja apareceu nas bancas (afinal, tanto treinamento à Sr. Miyagi, e o resultado final foi o mesmo!). Obviamente, os comentários a respeito foram tantos que, passado o final de semana, a equipe de arte se "justificou" no próprio blog:

Equipe Faz Caber:
18 janeiro, 2010 as 2:42 pm

Caros leitores
Se alguém quizer [sic!!!] fazer alguma pergunta específica sobre as capas fiquem à vontade. Algumas curiosidades: a TIME e NEWSWEEK em 60 anos de publicação repetiram 3 vezez a mesma imagem da capa. A Época tem 10 anos e esta foi as primeira vez que aconteceu da mesma foto ser publicada na capa da Veja.
Daria para comprar a foto com exclusividade? Em alguns casos sim. Por exemplo: na nossa capa do Michael Jackson pagamos para ter a foto com exclusividade, mas era uma foto antiga, não era a foto dele sendo levado para o hospital (como todos publicaram na época). No caso de agências de notícia acho um pouco mais difícil, as fotos são distribuídas simultaneamente para o mundo inteiro. Todos da imprensa mundial têm acesso, mas exclusividade neste caso não.
A gente fica na torcida para que aquela foto da capa que foi escolhida mais ninguém ache. Até sexta nenhum jornal brasileiro tinha publicado aquela foto da mão. Nem sabíamos que um jornal de Montreal tinha publicado.
MM

\ Enfim, parando para analisar, ao menos a capa da Época é mais limpa, agradável. A poluição visual tradicional da Veja fez ainda mais uma vítima para aqueles que levam o Design um pouco mais a sério: a Dra. Zilda Arns! A brilhante idealizadora da Pastoral da Criança ministrava uma palestra no Haiti quando foi vítima do terremoto do dia 12. Na capa do periódico da ed. Abril, Arns aparece sorridente no rodapé da folha, dando um até loguinho para seus fãs, quase que tentado alcançar a mão negra que pende sem vida – no melhor estilo "vamos todos dar as mãos" –, como que para tentar subir para o meio da página. Para aqueles que acreditam que não há como piorar uma besteira feita, taí a prova!

14.1.10

Leite da Vaquinha Grogue


Ok, ok, o produto em questão não tem mais essa embalagem, mas não pude deixar de de fora da nova década do design essa digníssima vaquinha grogue. Era um clássico.

Pergunto ainda: teriam sido as duas barras desferidas na cabeça da dita cuja?

De volta a 2010.

12.1.10

Vampiros Cubanos en la Habana (porque nem todo Designer Justiceiro gosta de piroca...)

\ Apesar do que possa parecer o título desta postagem, não se trata de mais uma película trash do Zé do Caixão nem de outro caça-níqueis hollywoodiano na esteira do sucesso dos sugadores de sangue emo-teen que têm assombrado as livrarias e salas de projeção no mundo todo. Trata-se apenas da dica cultural da semana.

Na próxima quinta-feira (14), o projeto Cineclube Sala Escura apresentará no Rio de Janeiro Vampiros en la Habana (1985), segundo longa-metragem do animador cubano Juan Padrón.



O Cineclube Sala Escura é um projeto de extensão do curso de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense, realizado pelo Laboratório de Investigação Audiovisual (LIA). Sua programação e organização são feitas pelos próprios alunos do curso de Cinema, sob a coordenação do professor Tunico Amancio.

As sessões ocorrem na Cinemateca do Museu de Arte Moderna, sempre na segunda quinta-feira de cada mês — quando são exibidos filmes latino-americanos — e no Cine Arte UFF (prédio da Reitoria da UFF, em Icaraí, Niterói) na última sexta-feira do mês, com clássicos do cinema em película. Além destas, mensalmente há ainda uma sessão especial no prédio da Faculdade de Direito da UFF.

Sei que o horário não é dos melhores, mas aqueles que puderem ir certamente não se arrependerão. Juan Padrón é talvez o animador cubano de mais renome internacional. E todos aqueles que já assistiram a esse filme confirmam que as risadas são garantidas.


Única exibição no dia 14 de janeiro, às 16h.
Entrada franca.

Cinemateca do MAM.
Avenida Infante Dom Henrique, 85.
Parque do Flamengo - Rio de Janeiro.

Mais informações no folheto ao lado
(clique na imagem para ampliá-la).



reblogado d'
o quadro-negro animado.
(porque eu achei que valia à pena divulgar. E para deixar nosso sítio um pouco mais agradável, depois das imagens que ilustraram as últimas postagens...)

2.1.10

Ponte fálica?

Começo 2010 com um tema visto no natal de 2009: formas fálicas. Não sei se seria uma certa fixação de minha parte (vai saber, Freud explica), ou se de fato o bom senso não anda muito aguçado. O fato é que estas formas estão por aí, e é preciso denunciá-las.

Peço desculpas aos leitores que se ofendem, pois esse sempre foi um blog de família. Mas entendam que o intuito é evitar que gafes como essa aconteçam. Ou pelo menos, se acontecerem sejam execradas por este blog.

Estava lendo o Kibe Loco quando me deparei com uma imagem curiosa: uma ponte, em um lugar não mencionado onde a projeção da sombra cria uma silhueta peculiar.

Este post escapa um pouco do tema design e esbarra na arquitetura, mas convenhamos que quem projetou isso ou não previu o resultado ou não tinha coisa boa na cabeça.