5.9.09

100 anos de efeitos especiais visuais no cinema

\ Semana passada recebi a indicação de um excelente vídeo no Youtube com um panorama histórico dos efeitos especiais no cinema.

Focado nos efeitos especiais visuais (é sempre bom fazer a distinção), Visual effects: 100 years of inspiration é uma montagem de trechos de filmes e making-ofs de obras de efeitos visuais notáveis do século XX — e também da primeira década do século XXI, ainda que essa não fosse a proposta inicial. Nesta coleção, estão presentes a divisão do Mar Vermelho pelas mãos de Moisés em Os dez mandamentos (1923), o gorilão apaixonado de Willis O'Brien em King Kong (1933), os espadachins-esqueleto do mestre Ray Harryhausen confrontando a trupe de Jasão e os Argonautas (1963), o perseguidor implacável T-1000 de O Exterminador do futuro 2: o julgamento final (1991) e um Brad Pitt que não pega ninguém em O curioso caso de Benjamin Button (2008).


Visual effects: 100 years of inspiration (2009).

Mais informações encontram-se disponíveis na página no Youtube. O vídeo foi originalmente concebido para uso educacional, como introdução a uma palestra sobre efeitos visuais no cinema realizada em sala de aula. A trilha sonora é Rods and cones, dos cara-pintadas Blue Man Group (que farão, muito em breve, apresentação no Rio de Janeiro). Os filmes exibidos (poucos possuem legendas na tela para identificação) são os seguintes:

The Enchanted Drawing (1900);
O grande roubo do trem (The Great Train Robbery, 1903);
Os dez mandamentos (The Ten Commandments, sil., 1923);
Sunrise (1927);
King Kong (1933);
O mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939);
O ladrão de Bagdá (The Thief of Bagdad, 1940);
20 mil léguas submarinas (20,000 Leagues Under the Sea, 1954);
O planeta proibido (Forbidden Planet, 1956);
Jasão e os Argonautas (Jason and the Argonauts, 1963);
Mary Poppins (1964);
Guerra nas Estrelas (Star Wars, 1977);
Tron (1982);
De volta para o futuro (Back to the Future, 1985);
Uma cilada para Roger Rabbit (Who Framed Roger Rabbit?, 1988);
O segredo do abismo (The Abyss, 1989);
O Exterminador do futuro 2: o julgamento final (Terminator 2: Judgement Day, 1991);
O jovem Indiana Jones
(The Young Indiana Jones Chronicles, piloto, filme para TV, 1992);
Parque dos
dinossauros (Jurassic Park, 1993);
Homem-aranha (Spider-Man, 2004);
King Kong
(2005);
Piratas do caribe 2: o baú da morte
(Pirates of the Caribbean: Dead Man's Chest, 2006);
Piratas do caribe 3: no fim do mundo (Pirates of the Caribbean: At World's End, 2007);
A bússola de ouro (The Golden Compass, 2007);
As crônicas de Spiderwick
(The Spiderwick Chronicles, 2008);
O curiosos caso de Benjamin Button
(The Curious Case of Benjamin Button, 2008).

Apenas para constar: Em novembro deste ano, o primeiro filme da lista completará 109 anos. Este é nada menos que The enchanted drawing, de James Stuart Blackton, com produção dos estúdios de Thomas Edison. Trata-se de um dos primeiros filmes do cinema a empregar a técnica de substituição por parada de ação para a realização de efeitos mágicos. Paralelamente, nesta mesma época o pai dos efeitos especiais no cinema Georges Méliès (que absurdamente não foi incluído nesta relação) já realizava experimentos semelhantes com a mesma técnica. Novamente, consta nas entrelinhas do discurso o pensamento do norte-americano que querer ter sido o primeiro em tudo — e se posicionar como tal, sutilmente, utilizando-se para tanto do pesado poderio de sua indústria cultural.

É interessante formular um exercício de raciocínio a respeito dos efeitos visuais. Se pensarmos nos primeiros filmes dos Lumière, e em como os irmãos tornaram possível em 1895 uma parede demolida se reconstruir apenas invertendo a ordem dos fotogramas de uma obra acabada, fatalmente concluiremos que os efeitos especiais visuais possuem pelo menos a mesma idade que o cinema. A técnica cinematográfica é em si um efeito especial visual, que nos permite assistir 'fotografias animadas' projetadas em uma tela gigantesca. Se evocarmos a Animação e os dispositivos óptico-mecânicos, a idade dos efeitos visuais torna-se ainda maior (ainda que, a rigor, não se tratem de filmes). Se lembrarmos então dos teatros de sombras e das lanternas mágicas... xiii!

Apesar de todas as críticas, e de todos os filmes que cada um de nós dirá que o realizador do vídeo se esqueceu de incluir (cada leitor deste blog provavelmente terá a sua lista ideal), trata-se de uma obra no mínimo curiosa e bem executada. Particularmente, acho uma pena o autor ter dado tanto destaque a filmes recentes (e que foram lançadas depois dos alardeados 100 anos, já no século XXI) e menos a produções mais antigas, base sólida sobre a qual a magia do cinema se consolidou. Ainda assim, este nos permitiu um divertido exercício de recordar, aprender e rever!

(Reblogado de o quadro-negro animado.)

4 comentários:

Dinnaps disse...

\ Eu sabia! Se não falar mal de ninguém, não aparecem novos comentários...

Vou contratar a produção do programa do Ratinho.

Eschenazi disse...

Efeitos era com o Norman McLaren. Eu por exemplo descobri como ele fazia aqueles sons de "ATARI", tudo com instrumentos de corda...




Putz,deixa eu ir trabalhar...

Guix disse...

Senti falta de Os Trapalhões na Guerra dos Planetas...

Dinnaps disse...

\ E eu, de "Super Xuxa contra o Baixo-astral". Um clássico de Jim Henson (ou não).